Erro dos pilotos e inspeções rigorosas marcam investigação sobre queda fatal de Boeing 737-800 na Coreia do Sul

O desastre aéreo que chocou a Coreia do Sul

A queda do Boeing 737-800 da Jeju Air em 29 de dezembro de 2024 virou manchete mundial, não só pelas 179 mortes confirmadas, mas pelo impacto sobre os padrões de segurança aérea. O avião, que seguia para uma rota doméstica, caiu ao tentar um pouso de emergência em Muan County, logo após sofrer uma colisão com aves. A fumaça no motor direito deixou passageiros e tripulação em pânico nos minutos finais, e agora o episódio faz parte da história como o pior acidente de aviação da Coreia do Sul.

Com a gravidade da situação, as autoridades locais não perderam tempo: o Ministério dos Transportes convocou inspeções extraordinárias em todos os 101 aviões do modelo Boeing 737-800 operando no país, determinando prazo até 10 de janeiro de 2025 para completar os trabalhos. O temor entre passageiros e companhias aéreas cresceu. As medidas de segurança, antes consideradas padrão, agora estavam debaixo de uma lupa internacional.

Pilotos, motores e o erro fatal

Pilotos, motores e o erro fatal

O ponto que mais chamou atenção na apuração até agora envolve a tripulação do voo. Segundo primeiras análises do Ministério dos Transportes e relatórios da Reuters, os pilotos tomaram uma decisão crucial — e equivocada — logo depois do choque com as aves. Em vez de desligarem o motor direito, que apresentava fumaça e perda de potência, optaram por desligar o motor esquerdo, que estava funcionando normalmente. Dados captados pela caixa-preta, incluindo gravações do cockpit e informações dos computadores de bordo, confirmam que essa ação selou o destino da aeronave. O motor direito, gravemente danificado, ficou sem alternativa.

GE Aerospace, junto com sua parceira francesa Safran na joint venture CFM International, entrou de cabeça na investigação, já que os motores eram de sua fabricação. Mas os laudos preliminares afastaram qualquer falha técnica do Boeing 737-800: as inspeções prévias ao acidente não registraram problemas nos motores, nem indícios de falha nos componentes.

O grupo que conduz a investigação conta atualmente com 23 membros, incluindo representantes da Boeing, da americana NTSB (National Transportation Safety Board) e 12 especialistas locais. A meta agora é entender onde o treinamento da tripulação falhou, e se os protocolos de resposta a emergências são adequados ou precisam de mudanças urgentes.

Enquanto o debate sobre treinamento de pilotos e rotinas de manutenção esquenta em fóruns de aviação, familiares das vítimas exigem respostas e transparência. Autoridades têm se reunido com eles para compartilhar detalhes do andamento da investigação e tentar apaziguar uma dor que ainda está longe de cicatrizar.

Com os olhos do mundo voltados a Seul, o episódio reacende antigas discussões sobre preparo de tripulações, investimento em manutenção e a necessidade de revisar procedimentos de emergência para que tragédias parecidas fiquem no passado.