Odete Roitman: o tiro que virou símbolo da teledramaturgia brasileira

Quando Beatriz Segall, atriz interpretou a impiedosa Odete Roitman na novela Vale Tudo, poucos imaginavam que o desfecho se tornaria um fenômeno nacional. O último capítulo, exibido em , revelou que a bala que tirou a vilã saiu das mãos de Cássia Kis, que vivia a enganadora Leila. O fato, porém, não foi um acidente de roteiro: era o ápice de uma trama de suspense construída pela Rede Globo para prender a atenção de milhões de telespectadores.

Contexto e produção da novela original

Nos anos de e , Rede Globo lançou Vale Tudo, uma trama que misturava ambição, corrupção e, claro, muito drama familiar. Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a novela foi ao ar em oito meses, ocupando o horário nobre e consolidando a marca globo como referência de qualidade. Além de Beatriz Segall, o elenco contava com nomes que ainda são ícones: Reginaldo Faria, ator como Marco Aurélio, Carlos Alberto Riccelli, ator como César, e Gloria Pires, atriz que dava vida a Maria de Fátima.

O assassinato de Odete Roitman: cena a cena

A cena final começa com Odete acusando Marco Aurélio de roubar a TCA – a fictícia Telecomunicações do Centro‑Atlântico – enquanto ele segura uma arma nas vestes. A tensão parece apontar para ele como o culpado, mas a narrativa joga vários personagens na rua: César aparece em um corredor escuro, Maria de Fátima tem o olhar preocupado, e Renata Sorrah, interpretando Heleninha, tropeça num bar, bebendo sem rumo. De repente, o som seco de vários disparos ecoa e o corpo da vilã aparece pela primeira vez na tela, logo depois de um telefonema de Nathália Timberg, que dublava a irmã Celina, gritando de horror.

Quando Cássio Gabus Mendes entra como Afonso, ele recebe a notícia da morte ao lado de Celina. A polícia chega ao apartamento, e o público sente que o mistério acabou – mas não era o que eles esperavam.

Na verdade, a bala saiu de uma arma carregada por Leila, que atirou “por engano” ao confundir o alvo. O roteiro, cuidadosamente guardado, deixou cinco finais diferentes em produção, mas apenas um foi gravado e exibido. Essa estratégia evitou vazamentos e aumentou ainda mais a ansiedade dos telespectadores na noite de .

Reações do público, da imprensa e o mistério

Reações do público, da imprensa e o mistério

O fim de Vale Tudo gerou uma comoção comparável a eventos esportivos. Nas ruas de Rio de Janeiro, bares lotavam de gente discutindo quem havia sido o verdadeiro assassino. O jornal O Globo dedicou um terço da primeira página da edição de ao suposto velório da personagem, brincando com a ficção ao dizer que o enterro teria “causa e efeito” até no trânsito local.

  • Data da revelação: 6/01/1989
  • Personagem morta: Odete Roitman
  • Atiradora: Leila (Cássia Kis)
  • Suspeitos na trama: Marco Aurélio, César, Maria de Fátima
  • Impacto na mídia: terço da capa do O Globo

Mesmo depois da confirmação, a pergunta "Quem matou Odete Roitman?" continuou nos cafés, nas casas de família e nas repúblicas estudantis. Em pesquisas de opinião feitas pela IBOPE, mais de 80 % dos entrevistados lembravam do caso ainda meses após o final.

Legado cultural e o remake contemporâneo

O assassinato de Odete se tornou referência para produções que buscam criar suspense de longa duração. Programas como Cheias de Charme e Amor de Mãe já citaram o efeito “Odete Roitman” como sinônimo de cliffhanger bem-sucedido. Em 2024, a Globo lançou um remake de Vale Tudo, trazendo Débora Bloch, atriz no papel de Odete. Embora a trama tenha mudado – o assassinato acontece em um hotel de luxo ao invés de um apartamento –, a essência da dúvida persiste, alimentando novos debates nas redes sociais.

Curiosamente, o novo roteiro elimina a arma de Leila, substituindo-a por um acidente de elevator que ainda deixa o público dividido. Essa decisão mostra que, mesmo três décadas depois, a fórmula original ainda inspira adaptações que tentam equilibrar nostalgia e inovação.

O que esperar nas próximas adaptações

O que esperar nas próximas adaptações

Analistas de TV acreditam que a Globo pode repetir o sucesso do cliffhanger ao lançar minisséries baseadas em casos reais de negócios, usando o mesmo estilo de múltiplos finais gravados. Enquanto isso, fãs organizam encontros em homenagem a Odete, reencenando a cena do disparo em festas temáticas. O que fica claro é que, mais do que um simples assassinato, a morte de Odete Roitman tornou‑se um ponto de referência para a narrativa televisiva brasileira.

Perguntas Frequentes

Quem realmente disparou a arma que matou Odete Roitman?

A arma foi disparada por Cássia Kis, que interpretava Leila. Ela atirou por engano, confundindo o alvo durante uma briga no apartamento de Odete.

Por que a produção gravou cinco finais diferentes?

A estratégia visava impedir vazamentos e manter o suspense até a transmissão. Cada final continha variações no assassino, mas apenas o que teve Leila como culpada foi ao ar.

Qual foi a reação da imprensa na época?

O O Globo dedicou um terço da capa à suposta cerimônia fúnebre da personagem, brincando com a ficção. A cobertura gerou debates sobre a influência da teledramaturgia na opinião pública.

Como o remake de 2024 mudou a cena do assassinato?

No remake, a morte ocorre em um hotel glamouroso e a culpa recai sobre um acidente de elevador, em vez de um tiro. A mudança busca atualizar a narrativa, mas ainda conserva o mistério sobre quem é o verdadeiro responsável.

O que a trama de “Vale Tudo” ensinou à produção televisiva brasileira?

A novela mostrou o poder de um cliffhanger bem trabalhado: engajamento nacional, cobertura jornalística e legado duradouro. Desde então, produtores adotam truques semelhantes para manter audiências‑cativas.

1 Comentários

  1. Circo da FCS

    Circo da FCS

    Odete sempre foi a vilã que a gente ama odiar. A trama virou um parque de diversão para quem curte suspense barato.

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